segunda-feira, 21 de setembro de 2009

"Misto-quente", Charles Bukowski

Não sou profundo conhecedor do movimento beatnik nem conheço muitos escritores que aderiram a esse movimento. Para falar a verdade, Bukowski é o primeiro do gênero que leio. E posso dizer que, se todas as obras beatniks forem tão boas quanto “Misto-quente”, então vale a pena conhecê-las mais a fundo.

Mas vamos lá, pelo começo: conheci o Bukowski por acaso, num encontro chuvoso em Niterói pelo Campo de São Bento e Plaza Shopping com uns colegas que não tenho lá muito contato. São os integrantes do Lápis Autônomos, grupo do qual eu faço parte mandando textos (muito) esporadicamente. Um pessoal bem legal, cujo único propósito é escrever, sem fins lucrativos ou ideais muito traçados. É escrever para externar o que se sente, pra se divertir, pra gritar no silêncio das palavras.

Ok, deixemos o Lápis Autônomos para outro post e nos concentremos no Bukowski.

Comprei o livro “Misto-quente” nas minhas andanças pela XIV Bienal do Livro. A capa da editora é um tanto quanto sugestiva: um homem e uma mulher rolando pelo chão, seminus, brigando pelo controle de um telefone, enquanto no chão jazem uma garrafa que aparenta ser de bebida alcoólica e um cinzeiro com cinzas espalhadas para todos os lados.

E é exatamente como a capa que o livro segue em toda a sua história: sujo.

Não há melhor adjetivo para resumir o livro “Misto-quente” além desse: sujo. Seja nas palavras, nas ações, nos pensamentos do personagem principal ou no contexto no qual a história se desenrola, ela é suja do início ao fim.

O livro conta a história de Henry Chinaski Jr., desde sua infância até a vida adulta. Filho de um pai autoritário e uma mãe passiva, descendente de alemães e com um grave problema de acne, Chinaski não tem perspectiva de vida alguma. Passa pela crise de 1929 e pela Segunda Guerra Mundial se preocupando em quanto vai finalmente conseguir uma foda. Não tem sonhos de se tornar alguém na vida, mas, ao contrário disso, se conforma com o que a vida lhe deu e tenta se divertir ao máximo com isso.

É possível notar – até mesmo porque o próprio prefácio do livro o diz – que o livro tem toques autobiográficos. Quem conhece a biografia de Bukowski sabe que o apelido que ele nutre de velho safado não está aí à toa. Pra quem não conhece, vale a pena dar uma pesquisada. É bom ver quando o personagem e o autor se confundem; com isso, o texto se mostra ainda mais sincero.

Mesmo com toda a sujeira e agilidade do texto, “Misto-quente” traz um quadro interessante de uma época. Mostra o lado sujo e pobre dos EUA, o não-idealismo e o não-patriotismo praticamente inexistentes nos filmes ou livros mais ‘dentro do padrão norte-americano’.

Li o livro em três dias e percebi, na minha leitura particular, que a minha vida não é tão ruim assim, se comparada com a do Chinaski.

Um comentário:

  1. Logo, logo iniciarei "Hollywood"! Quem sabe faço uma resenha sobre ele? =)

    beijo!

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