quarta-feira, 17 de junho de 2009

Falso poema preocupado com o futuro das palavras

Um grito de liberdade! [...]
Expresso por teclas dum computador
Meus desejos e meus anseios
Transpostos em códigos binários

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BAT MACUMBA!

Me enganaram, minha bandeira é uma flâmula
Meus sonhos são pó
Minha vida é uma farsa!
E tudo o que me resta são os versos
Não restam?
Tenho licença para ser quem eu quiser nas palavras
Posso ser louco, posso ser incoerente
Os outros lerão e pensarão
- Criatura inteligente, cheia de subjetivismos!
E tentarão achar significados em meus códigos binários
Inventarão mil teorias e me farão rei das letras!
E eu - morto que estarei - não poderei voltar para dizer-lhes que estão errados
Que os números são aleatórios, que o verso é pobre
Que não sou inteligente, que não sou poeta
Eles estarão embriagados!
Enlouquecidos por um falso poeta
Envaidecidos por uma poesia - considerada - original!
Quando na verdade ela é pobre de espírito e sintaxe
Feia e esquisita, sem sentido
Sem preocupações sintáticas ou semânticas
Estão carentes! Querem poesia!
Dou-lhes poesia!
Pobre que sou! Ainda creio que mais de dez pessoas possam ler e admirar isso.
Ah, doces ilusões de um jovem poeta...

2 comentários:

  1. Loucuras... Devaneios que exprimem as verdades de um poeta... rs
    Lindo, Lucas, como sempre. E doido, do jeito que eu gosto... =)

    Ana.

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  2. Hahaha, realmente. Aquela velha história da pedra no caminho, que Drummond só estava falando de uma simples pedra mesmo...


    See ya!

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