domingo, 27 de junho de 2010

Grande Vazio

De vez em quando me sinto preso dentro de mim mesmo. Não é uma sensação ruim, na verdade; é como se eu pudesse explorar cada detalhe mínimo de mim mesmo e pudesse dizer de uma vez por todas quem eu sou ou do que sou feito. Não é uma tarefa fácil, no entanto: cada reentrância e cada canto obscuro e cheio de teias de aranha é como um novo filme, uma nova música, uma nova história. Cada partícula tem uma história longa e chata para contar. Posso, em um momento, estar atravessando uma rua de papel sulfite e, em outro instante, estar voando em um céu de gelo liquefeito. Sim, minha mente tem dessas loucuras que ninguém consegue explicar (e acho que deve ser assim com todo mundo).

E por vezes – alguns dias mais do que outros – me pego pensando no Grande Vazio. Um vazio sem nome ou explicação, que chega e aparece sem pedir licença, e que vai embora tão rapidamente quanto vêm. É uma sensação estranha, essa do vazio: é como se você não tivesse motivos para rir, mas mesmo assim risse; sem motivos para chorar, mas mesmo assim chore. Pior ainda é rir chorando ou chorar rindo, como explicar?

O ser humano tem dessas coisas inexplicáveis. Coisas que nem a nossa vã filosofia pode explicar, por mais que tente.

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