sábado, 17 de outubro de 2009

O Não-Escrever

Quando estou seco, palavras soltas como essas me ajudam. Estou olhando há mais de três horas para essas teclas de computador e não consigo escrever ficção. É um daqueles momentos que os grandes escritores chamam de 'bloqueio' e onde os amadores e aspirantes chamam de 'preguiça'. Já ouvi umas quinhentas músicas, tomei umas cinco xícaras de café, comi pizza, fiz downloads, sentei, bati pé, esperei, re-esperei, resisti, desisti, mudei de ideia, e ainda assim nada.

Sabe, isso acontece muito com quem gosta de escrever. Essa aflição de querer e não conseguir, de esperar uma inspiração divina que não chega nunca. Não sei como os outros escritores - amadores ou não - lidam com isso, mas eu sei que não gosto nem um pouco. Odeio querer escrever mas não conseguir. É aflitivo, desesperador, sufocante.

Záfon diz, no livro "O Jogo do Anjo": "A inspiração virá quando fincar os cotovelos na mesa, o traseiro na cadeira e começar a suar. Escolha um tema, uma ideia e esprema o cérebro até doer. É isso o que se chama inspiração". Já tentei concordar com essa afirmativa, mas não sei se consigo. Não sei se é de todo verdade: inspiração pode sim vir dessa forma, mas é tão mais deliciosa quando vem em um lampejo, numa ida à padaria ou debaixo do chuveiro. Quando você não pensa em ter uma ideia e ela aparece, isso sim é bonito.

As minhas melhores ideias são as que vêm de repente. Me atingem com uma potência assustadora, e eu adoro esse impacto.

Mas enquanto o impacto não chega, continuo com minhas músicas, meus downloads e meu café. Escrever sobre o não-escrever é sempre proveitoso.

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