sexta-feira, 13 de março de 2009

Indignação Monetária

Ok, sei que não vivo em nenhum país de primeiro mundo e que nem todo mundo é rico, mas qual é o problemas dos ditos 'estabelecimentos alimentícios' (que englobam desde multisupermercados até padarias de esquina)?

Contarei minha epopeia aos poucos, quem sabe para dar um tom mais dramático do que ela merece: começou comigo em uma caminhada homérica até o médico, partindo do colégio. A caminhada entre um ponto e outro é realmente longo - coisa de três quilômetros, no mínimo -, e, já no quilômetro primeiro, tudo o que eu mais queria era um pouco de água para saciar minha sede. Chequei minha carteira e percebi que tudo o que tinha era uma nota de cinquenta reais para pagar a consulta médica. Ok, até aí nenhuma reclamação. A consulta não iria tomar todo o meu dinheiro e dava tranquilamente para comprar uma água.

É aí que entra a drama: onde comprar a água? Quem, em dignos três quilômetros de caminhada, seria capaz de me trocar uma nota de cinquenta reais? NINGUÉM! Exatamente, ninguém em um raio de TRÊS QUILÔMETROS me foi capaz de trocar uma nota.

E o mais interessante é que, à medida que andava, minha sede aumentava, física e psicologicamente.

Tive a ideia de esperar chegar ao médico, procurar um bebedouro por lá, ou, no mínimo, trocar meu dinheiro e conseguir uma nota de menor valor.


Assim que cheguei ao médico, vasculhei a recepção em busca de um bebedouro, e qual a minha surpresa ao perceber que não havia nenhum disponível? E o pior: o médico só estaria lá a partir das 17:00h (eram 13:30h) e o pagamento não poderia ser feito antecipadamente, e nem a recepcionista tinha notas menores para trocar pela minha.


Frustrado, pensei até mesmo em pegar um ônibus para voltar para casa, mas sabia que o trocador não teria dinheiro suficiente para me dar troco. Enfim, voltei a pé.


O mais engraçado é que, quando você está com sede, parece ver água em tudo quanto é canto: parecia que o número de camelôs gritando “olha a água!” naquele calor infernal aumentou consideravelmente, bem como os freezers expostos nas portas das padarias. Mas, sempre que entrava, a mesma resposta vinha quando estendia a nota de cinquenta: “não tenho troco”.


Minha boca mal tinha saliva quando finalmente cheguei em casa. Bebi quase um litro e meio desse precioso líquido incolor, inodoro e insípido, com a sede de mil perdidos no deserto. E não pude deixar de pensar como, mesmo com dinheiro, as coisas podem ser tão complicadas. Imagino se não tivesse nenhum centavo.

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