segunda-feira, 26 de julho de 2010

Segunda-feira

Você não é o único, Garfield
Nas segundas-feiras, não sou cortês. Simplesmente não dou bom dia, porque não há motivos para isso. Não sorrio nem agradeço a uma gentileza, não digo bom trabalho ao motorista e ao trocador e nem me interesso em oferecer meu colo para segurar a bolsa de quem quer que esteja de pé no ônibus lotado.

Nas segundas-feiras, tenho o péssimo hábito de acordar de mau humor. Um mau humor que vai se estendendo desde às cinco da manhã até o fim do dia, lá por volta da meia-noite. Segunda é o dia do saco cheio, do 'não-quero-fazer-porra-nenhuma-mas-ainda-assim-tenho-que-fazer', da volta da rotina quebrada nas noites de sexta e sábado, quando você ignora o despertador e pode acordar a hora que bem entender - se você não trabalha aos sábados, é claro.

Nas segundas-feiras, o trabalho parece mais tedioso. Só de pensar que ainda serão quatro longos dias do mesmo ofício, já me canso. Só quero continuar enrolado na minha coberta até o sol estar no meio do céu, esquecer que o mundo existe por vinte e quatro horas e pular direto para a terça-feira.

Odeio segunda-feira.

sábado, 24 de julho de 2010

Complicadas e Perfeitinhas

- Negócio é o seguinte, Lucas: uma mulher, quando diz que não quer alguma coisa, na verdade quer. Os homens é que não conseguem entender isso. Odeio homem que faz o que eu mando. Quero mesmo é algum que diga não para mim.

Não lembro muito bem como a conversa foi parar nesse tópico. Estávamos eu, Bruna – dona da fala acima – e Amanda, todos sentados em uma mesa, conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo, e o assunto calhou a ser relacionamentos. Eu, um inexpert no assunto, resolvi tentar desvendar os mistérios  do mundo feminino simplesmente ouvindo e perguntando.

- Vocês mulheres são complicadas e gostam disso – eu disse – Se a gente não faz o que vocês querem, fazem beicinho e dizem que não gostaram; e se a gente faz, vocês também reclamam! O que vocês querem?

- Caramba, Lucas, vê se entende de uma vez, porque é bem simples: a gente gosta de ser contrariada. Não tem nada melhor do que o homem chegar pra gente e dizer não; no fim das contas, eles sempre acabam fazendo o que a gente quer.

- Ah, é?

- Claro... depois que eles negam e a gente faz beicinho, eles sempre chegam com jeitinho e dizem que vão fazer o que a gente quer. E é muito bom quando eles são carinhosos assim com a gente.

Complicadas? Quase nada!
- Então vocês querem quem mime vocês, é isso?

- Não, Lucas – a Amanda tentou me explicar por A + B, procurando algum tipo de abordagem diferente – A gente gosta que vocês façam o que a gente pede, mas só quando vocês negam antes.

Eu estava completamente confuso. Sempre vi mulheres reclamando quando seus namorados não satisfaziam seus desejos e seus pedidos.

- Deixa ver se eu entendi: quando vocês pedem alguma coisa, querem que a gente não faça para depois fazer?

- Isso! – e a Bruna começou a bater palmas como se eu fosse uma criança de segunda série que finalmente entendeu os fundamentos da multiplicação. – Viu, não é difícil de entender!

Não é difícil de entender?!

Mulheres são complicadas, isso não é mistério para ninguém. São de Vênus, de Saturno, Plutão, Alfa de Centauro, qualquer lugar menos a Terra. Dizem que são fáceis de entender, que têm sempre razão e que os homens é que são o problema do mundo. Mas, sério: como é possível encontrar uma explicação racional para a forma como seus cérebros funcionam? Quando alguém quer alguma coisa feita, qual o sentido racional de dizer não para depois dizer sim?

Talvez eu esteja sendo um pouco frio demais e deixando um pouco de lado a passionalidade. Nunca fui muito do tipo passional, tenho que admitir. Não consigo conceber ideias como essa sem ter minha cabeça transformada em um nó impossível de ser desatado. E quem não teria, com papos tão loucos como esse?

Continuo não entendendo as mulheres e acho que nunca vou entender. E, no fim das contas, elas gostam disso. Gostam desse mistério e dessa incompreensão que temos delas. Divertem-se com as nossas caras de idiotas, essas malditas. Malditas que amamos e que não conseguimos largar, mas ainda assim malditas. Não podiam ser mais simples, essas tais mulheres?

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Leilão Bizarro

Li hoje, em uma simples manchete, uma notícia perturbadora: não, não é a confirmação do fim do mundo nem a Xuxa falando que odeia crianças (pensem em como isso seria traumatizante), mas sim o leilão que será realizado para a venda dos objetos usados na autópsia e no embalsamento do rei do roquenrou, Elvis Presley.

O leilão prova: Elvis morreu
Reverberam os gritos de 'Elvis não morreu!' - e eu aposto que esses serão os primeiros a desembolsar milhares de dólares por um bisturi enferrujado ou uma luva cirúrgica rasgada. Sério, não sei o que se passa na cabeça de gente assim. Qual o propósito de ter uma luva  usada para embalsamar um corpo há mais de trinta anos?

A idolatria a uma personalidade famosa tem limites. Claro, não há nada demais em ser um pouquinho exagerado e mandar importar da Rússia uma versão exclusiva de um single que só saiu por lá, ou mesmo ter fotos do seu astro coladas na parede da sua casa. O problema reside no exagero, como já dizia mamãe quando fazia brigadeiro de panela. Gastar milhares e milhares de dólares pelo simples propósito de 'ter' algo (que, teoricamente, não vale porra nenhuma para o mundo) que um artista usou, cuspiu, se secou ou simplesmente recusou não é normal, não mesmo (nunca esquecerei do leilão do papel higiênico que Paul McCartney disse ser áspero demais para seu estimado ânus).

Gostar de um artista é uma forma saudável de demonstrar respeito e reconhecimento pelo trabalho alheio. Ir a um show, comprar um DVD ou a coletânea exclusiva não faz mal para ninguém. Mas ter uma luva cirúrgica manchada de sangue, um tubo arterial ou um fórceps só podem significar duas coisas: ou você está exercendo uma profissão voltada para a área de saúde ou você é um psicopata frio e calculista.